Combate à sazonalidade e afirmação enquanto produto de excelência
O bom ano turístico em Portugal teve repercussões no Turismo de Natureza: o negócio cresceu, evoluiu e tende a tornar-se ainda mais procurado nos próximos anos. Quem o diz são as empresas que operam no sector, ainda que, quase todas, identifiquem um longo caminho a percorrer. O Turismo de Natureza é um dos dez produtos… Continue reading Combate à sazonalidade e afirmação enquanto produto de excelência
Ângelo Delgado
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O bom ano turístico em Portugal teve repercussões no Turismo de Natureza: o negócio cresceu, evoluiu e tende a tornar-se ainda mais procurado nos próximos anos. Quem o diz são as empresas que operam no sector, ainda que, quase todas, identifiquem um longo caminho a percorrer.
O Turismo de Natureza é um dos dez produtos turísticos estratégicos para Portugal. É um segmento em franca expansão a nível nacional e internacional, onde se tem verificado um aumento claro na procura deste produto. O viver a Natureza, o desligar do dia a dia ou mesmo abandonar o ambiente urbano é, cada vez mais, um apelo a que quem habita nas grandes cidades não resiste. Em Portugal, por exemplo, o potencial é enorme: cerca de 90% do território nacional é considerado zona rural e 23% do mesmo está integrado em áreas protegidas e na rede Natura 2000. Nas últimas décadas, registou-se um crescimento global três vezes mais rápido do que a actividade turística no seu todo, existindo alguns dados que apontam para um aumento na ordem dos 10 a 12% ao ano. Falamos, pois, de um produto que merece especial análise e cuidado.
Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), em entrevista ao Publituris, recorda que “há alguns anos foi um produto [Turismo de Natureza] de nicho e domínio de poucos especialistas”. Hoje, porém, “tornou-se num dos mercados que mais têm crescido, seja enquanto motivação primária de viagem ou como complemento a outros produtos turísticos como o Sol & Mar”. Ainda no mesmo discurso, Desidério Silva afirma que “há cada vez mais turistas a incluir actividades de natureza nas suas viagens”.
Outra das características mais vincadas deste segmento tem que ver com a possibilidade de ser praticada fora dos meses de maior agitação turística, conforme explica o presidente da RTA. “Muitas das viagens associadas ao Turismo de Natureza são realizadas fora da época alta, o que ajuda a atenuar a sazonalidade da procura nesta [Algarve] e noutras regiões. É um produto que permite diversificar a oferta turística e valorizar o destino e os seus diversos recursos naturais, contribuindo para a preservação ambiental dos ecossistemas uma vez que os turistas de aventura são, por norma, viajantes ambientalmente exigentes”.
Em jeito de conclusão, Desidério refere que “existem fortes potencialidades para o desenvolvimento deste produto turístico em todo o território”. “Neste momento, é necessário que as regiões estruturem a sua oferta e que apostem na promoção do produto, nomeadamente através de eventos originais e atractivos como a Algarve Nature Week, que proporciona experiências únicas. Cada vez mais os turistas escolhem o seu destino de férias e o seu alojamento tendo em consideração a protecção do ambiente, pelo que é fundamental que todos os agentes ligados ao Turismo assentem a sua acção na protecção da fauna e da flora”. Vamos, então, conhecer alguns dos agentes directamente ligados ao Turismo de Natureza. De Norte a Sul, passando, claro, pelas ilhas.
Picos de Aventura
João Rodrigues é o presidente do conselho de administração da Picos de Aventura, empresa que opera nos Açores. Em conversa com o nosso jornal, começa por dizer que “o objectivo é oferecer o que de melhor tem o arquipélago possui”. E de que forma o fazem? “Temos actividades, em mar e terra, que permitem dar a conhecer os recantos da ilha de São Miguel, envolvendo os clientes numa interacção constante com a natureza e tudo o que esta representa, bem como a cultura e gastronomia locais”. Descascando ainda mais a cebola, João Rodrigues revela que “a Picos de Avetura se destaca em duas grandes áreas: mar, com destaque para o Whale Watching e Natação com Golfinhos, e terra, com predominância para o Canyoning, Passeios Pedestres, BTT, Canoagem, Canoagem e Jeep Tours”.
Para o presidente da Picos de Aventura “neste segmento, os Açores tem sido reconhecido e premiado nacional e internacionalmente”, acrescentando que o arquipélago tem “dos melhores lugares a nível mundial onde se pode desenvolver, em simultâneo, actividades como a canoagem, BTT, canyoning e escalada”.
Tendo tido um 2016 de “claro crescimento quando comparado a 2015 em todas as áreas de negócio”, João Rodrigues adianta que se “verificou um aumento acima dos 50% em volume de negócios e clientes”. Os turistas mais assíduos, conta, “são os portugueses, alemães, franceses, britânicos, espanhóis e nórdicos”. Ainda sobre a tipologia de quem requer os seus serviços, revela que “são trabalhados todos os perfis de clientes: desde jovens, famílias, backpackers, amantes de desportos de aventura ou seniores”. Para chegar a estes potenciais clientes, “são usadas as agências de viagem, bem como a dinamização das redes sociais”.
Portugal Green Walks
Do Norte de Portugal e especializados em percursos pedestres nesta região vem a Portugal Green Walks. Paulo Lopes, é o porta-voz do operador. “Este produto está em franca expansão e é cada vez mais procurado por turistas estrangeiros. Necessitamos, por isso, de possuir uma oferta mais estruturada, com produtos âncora espalhados por todo o território e facilmente reconhecidos internacionalmente”, começa por dizer, dando, de seguida, a sua visão de como se deve organizar a oferta. “Apenas três exemplos, entre muitos, do que é a congregação de vontades para criar um destino de Turismo de Natureza reconhecido internacionalmente: a Rota Vicentina com percursos pedestres e BTT, os Açores com um leque alargado de ofertas e a região Oeste com um produto de excelência na área do surf”.
Sobre a actividade da Portugal Green Walks durante o ano passado, Paulo Lopes afirma que “registou-se uma forte procura de programas de caminhadas no Parque Nacional do Douro, com a duração a estar compreendida entre um dia e uma semana”. A procura, explica, “baseou-se em caminhadas ou num mix de actividades de natureza, culturais, gastronomia e vinhos”.
Em comparação com 2015, “houve um aumento global de 25%”. Os principais mercados emissores são a Austrália, Canadá e Estados Unidos. No continente europeu, destaque para a Alemanha, Holanda, Bélgica e Reino Unido.
Proactivetur
Do Algarve, vem a Proactivetur, empresa de animação turística e agência de viagens especializada em ecoturismo e turismo criativo. João Ministro, director-geral, faz uma radiografia ao seu negócio. “Desenvolvemos programas integrados de caminhadas na Via Algarviana e na Rota Vicentina, ainda que também o façamos em outras zonas da região. Também trabalhamos Birdwatching e, mais recentemente, iniciámos actividade em turismo criativo, onde oferecemos workshops relacionados com artes e ofícios tradicionais do Algarve – cestaria e olaria – gastronomia e experiências em espaço rural”.
Já os números da Proactivetur são positivos. João Ministro explica porquê. “De 2015 para 2016 duplicámos o nosso volume de vendas. O volume de negócios superou os 250 mil euros e alcançámos um máximo de programas vendidos e novas parcerias”. E 2017? Boas notícias, novamente. “Está a ser, neste momento, um ano recorde: já superámos mais de 50% de todas as nossas vendas de 2016, o que indicia um bom ano”. Para o director-geral da Proactivetur, existem duas explicações para o bom momento deste produto turístico em Portugal. “Temos feito um maior e melhor esforço na promoção internacional, com maior presença em determinados certames, mais operações de charme com líderes de opinião ou, até, com os eventos nacionais como o Algarve Nature Week”.
Com um conjunto de parcerias internacionais já bem sedimentadas, mais de 90% dos clientes são provenientes da Alemanha e Holanda, ainda que haja o “objectivo a curto-prazo de alcançar fortemente a Escandinávia”. Em jeito de balanço, João Ministro afirma que “o Turismo de Natureza está em franco crescimento, pois existem territórios até há pouco tempo desconhecidos a terem uma enorme procura”. “Um dos grandes benefícios desta actividade resulta do facto de incidir nos períodos de época baixa, com claros contributos no combate à sazonalidade turística”.
SAL
A SAL é um operador de animação turística e agência de viagens especializada em Turismo de Natureza com especial actividade nos Passeios Pedestres. Mantém ainda uma actividade como operador de Cruzeiros Fluviais e Costeiros, organização de eventos corporativos para empresas e grupos e visitas de estudo na natureza para escolas e colégios.
José Pedro Calheiros, fundador e director-geral, faz um breve resumo do que aconteceu em 2016. “Sentiu-se uma melhoria relativamente ao ano anterior. Movimentamos cerca de 5800 pessoas em passeios pedestres, o que significou em acréscimo de 12% face a 2015. Nas áreas corporate, o volume aumentou significativamente, com uma subida na ordem dos 25%”. Para 2017 e os próximos anos, o fundador “sente que vão ser de crescimento desde que se mantenha um esforço global de afirmação do destino Portugal como um território de Turismo de Natureza”.
Numa análise global ao fenómeno, José Pedro Calheiros admite que “Turismo de Portugal começou, finalmente, durante o último ano, a apostar de forma clara neste produto, numa estratégia de estruturação de produto na área do walking e cycling que irá certamente evoluir a médio-prazo para a criação de uma imagem do país como destino de natureza”.
Emotions
A Emotions situa-se em Celorico da Beira. Rafting, passeios de 4×4, paintball, BTT e percursos pedestres fazem parte do rol de serviços oferecidos pela empresa. Nascidos em 2015, registaram um bom ano de 2016. Para 2017, o objectivo e a expectativa passam por aumentar os números. Tiago Almeida, director-geral da Emotions, afirma que é “necessário ampliar o panorama turístico do Grande Porto, ainda que seja importante pensar nos conceitos de uma forma coerente e onde exista realmente um potencial turístico”.
Sobre quem mais procura pelos serviços da Emotions, o responsável diz que “os turistas chegam essencialmente do Porto através de informações que procuram e em postos de venda, sendo que os franceses e holandeses são os que têm aparecido em maior número”.