“Necessitamos de mudar a percepção que existe da TAAG”
A saída da lista negra da União Europeia deu à TAAG novos argumentos para se afirmar no mercado português e desenvolver a estratégia de tornar Luanda num hub de ligação à Europa, Brasil e África. Em entrevista ao Publituris, Mónica Cristino, directora regional da TAAG para a Europa, fala da nova estratégia da companhia aérea… Continue reading “Necessitamos de mudar a percepção que existe da TAAG”
Inês de Matos
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A saída da lista negra da União Europeia deu à TAAG novos argumentos para se afirmar no mercado português e desenvolver a estratégia de tornar Luanda num hub de ligação à Europa, Brasil e África. Em entrevista ao Publituris, Mónica Cristino, directora regional da TAAG para a Europa, fala da nova estratégia da companhia aérea de bandeira de Angola, que está a fazer um intenso trabalho de promoção junto do trade para vencer o desconhecimento que ainda existe em relação ao seu produto.
Em 2017, a Emirates saiu da gestão da TAAG. Que mudanças trouxe para a companhia a saída da Emirates, nomeadamente a nível operacional?
Na prática, não houve grandes alterações, porque os administradores mantiveram-se. Havia um contrato com a Emirates na gestão da empresa e o que deixou de haver foi esse vinculo institucional entre a TAAG e a Emirates. O fim desse contrato não teve a ver com a companhia ou com algum desentendimento, deveu-se a outras situações, prova disso é que os administradores – que tinham sido contratados pela Emirates – se mantiveram todos, com excepção do presidente. Portanto, a empresa continuou no mesmo rumo, não houve um interregno, não houve sobressaltos.
Que mais-valias teve essa parceria na gestão para TAAG, qual é o balanço dessa colaboração?
O objectivo era tornar a TAAG numa grande companhia na região subsariana, melhorar a imagem, aumentar as rotas e torná-la num negócio lucrativo. Este era o plano, mas com a contração económica, esse trabalho teve que ser mais lento. De uma forma geral, a companhia está a crescer, estamos a consolidar internamente os seus recursos, as experiências e conhecimento, e nota-se, internamente, maior dinâmica. A nível comercial desenvolvemos bastante.
A TAAG esteve, durante alguns anos, na lista negra da União Europeia, saiu e não tem, neste momento, nenhum impedimento para voar para a Europa. Que benefícios é que esta saída trouxe para a companhia, em termos de imagem e a nível operacional?
Para nós, esta saída da lista negra foi uma grande vitória. Dá-nos oportunidade – e é essa a estratégia – de voltarmos a destinos para onde já voávamos e que tivemos que interromper nesse período. Neste momento, a estratégia aqui na Europa passará, eventualmente, por um investimento, mas antes temos que criar novamente as condições certas, porque ainda foram uns anos na lista negra, e em que tivemos que colocar os aviões noutros destinos. Abrimos três novos destinos durante esse período fora da Europa que serviram de alavanca na altura, para passarmos agora à fase seguinte. Temos que voltar a criar aproximação ao mercado, enfim, tornarmos a pôr a TAAG na equação, para podermos partir para uma eventual (re)abertura de rotas na Europa.
A TAAG tinha anunciado o interesse na abertura de rotas para Paris e Londres, em que ponto está essa intenção?
Por enquanto, ainda é uma intenção. Neste momento, estamos a desenvolver o negócio nestes dois países. Temos acordos de codeshares com praticamente todas as companhias aéreas europeias, e, obviamente, em Londres e em Paris, com lugares à saída destes hubs. Estamos a criar as condições de venda no trade, estamos a investir na comunicação e a participar em eventos seleccionados.
Mercado Português
Em 2017, a TAAG já não teve restrições e voltou a voar para Portugal. Como é que correram as rotas portuguesas?
A TAAG recomeçou a voar para Portugal com equipamento próprio em meados de 2009. No final de 2017, a companhia fez um forte investimento neste mercado e passámos a 17 frequências semanais – 14 para Lisboa e três para o Porto. Temos uma frota de ‘widebodys’ nova, moderna e usamo-la nas rotas prioritárias, onde a qualidade faz a diferença. Connosco, os passageiros podem usufruir de uma experiência melhor. Temos um bom produto, não só para Angola, mas para outros destinos além.
Por isso, a aposta é na diversificação do tráfego, fazer um mix. Houve uma altura em que o nosso tráfego era essencialmente étnico. Hoje, já não é bem assim. Já temos muito Turismo, temos um mix interessante e muitos passageiros oriundos do Brasil, África do Sul, Moçambique, além de Angola e Portugal, que continuam a ser os grandes mercados para a TAAG. Por isso, é com grande satisfação que vemos que a estratégia está a resultar. Em termos de resultados, tivemos uma boa taxa de ocupação, uma média de 80% nos voos à saída de Portugal, não só para Luanda como para outros destinos da rede. Acreditamos que este é um projecto que tem tudo para dar certo.
Em África, quais são os destinos com maior peso para TAAG, além de Luanda, e como está a procura dos portugueses por esses destinos?
África do Sul, Namíbia, São Tomé e Zimbabué são aqueles com maior relevância. Em termos de passageiros portugueses, os destinos principais são Moçambique e África do Sul. Ainda não temos dados concretos sobre as nacionalidades dos nossos passageiros e o impacto de cada uma na nossa rede, mas, hoje, somos globais. De qualquer forma, sabemos que os passageiros com origem em Portugal têm um impacto muito semelhante ao angolano, até pelas vendas que tivemos em 2017.
Falou nos destinos africanos e no Brasil, que fazem parte da estratégia assumida pela TAAG de afirmar o hub de Luanda nas ligações do Brasil para a Europa e para África. Como está a correr esta aposta?
Essa aposta está a correr bastante bem. Já não é necessário ter visto de trânsito, que era algo que criava muito constrangimento porque era complicado conseguir-se o visto de trânsito. Conseguimos, em conjunto com as autoridades angolanas, aligeirar esse processo, o que permitiu desenvolvermos o conceito. Temos uma zona de transfer bem identificada e a transferência é feita com tranquilidade, sem sobressaltos, até porque as pessoas já saem do ponto de origem com o check-in feito e as bagagens despachadas até ao destino final. Em Angola, os passageiros em trânsito não fazem alfândega, portanto, chegam, só têm que fazer raio-x e seguem para as partidas. Sentimos que houve algumas dúvidas e alguns receios da parte de clientes/agentes de uma forma geral, sobre se este trânsito funcionaria bem, mas funciona e tem corrido muito bem. Acreditamos que será uma questão de hábito.
Estratégia
A estratégia da TAAG passa também por promover outros destinos da rede em Portugal?
Aqui em Portugal, gostaríamos de dar principal foco à Africa do Sul, Moçambique, Brasil, S. Tomé e Cuba. O Brasil poderá soar estranho, mas a verdade é que temos um excelente produto para o Brasil, mesmo sendo dois voos intercontinentais e isso, às vezes, poderá desencorajar as pessoas. Mas é uma opção, temos uma excelente frota e para quem não tenha um tempo mais apertado para chegar, consideramos ser uma excelente opção.
Para São Tomé também temos um bom produto. Acreditamos que São Tomé tem espaço e gostaríamos muito de trabalhar este destino aqui em Portugal, assim como Cuba, que é outro destino para onde voamos e que faria sentido começar a promover para que seja uma escolha.
Para este ano, temos o objectivo de trabalhar muito a imagem da companhia no mercado português, necessitamos de mudar a percepção que existe da TAAG e temos igualmente que publicitar mais os nossos destinos, porque temos muitas coisas para oferecer. O destaque acaba por ser, inevitavelmente, Luanda, que é um destino muito forte, é o nosso hub, mas temos muito para dar para além de Luanda.
Por isso, para este ano, o plano é comunicar muito, comunicar o produto, o serviço, porque existe algum desconhecimento sobre a TAAG.
A nível de novidades, a TAAG tem prevista a abertura de alguma nova rota para 2018?
Não, não vamos abrir destinos novos, a estratégia é consolidar aquilo que temos. Queremos melhorar o produto e melhorar o serviço ao cliente para sermos mais competitivos e colocar eventualmente mais frequências.
E esse trabalho vai ser feito em colaboração com o trade? De que forma está a TAAG a trabalhar na aproximação ao trade português?
No ano passado, contratámos duas pessoas para reforçar a equipa de vendas que tínhamos e para trabalharem na promoção da TAAG junto ao trade. Fomos muito bem recebidos, o que nos deixou bastante felizes e acima de tudo motivados. Este ano, já temos em agenda a realização de famtrips, não só para promoção de serviço e produto, como também institucional. Queremos levar o trade à nossa sede, para ver e perceber todas as melhorias que aconteceram na companhia.
Vamos estar presentes na BTL, no stand da APAVT, e a ideia é estarmos presentes nos principais eventos e acontecimentos de Turismo em Portugal, sejam feiras, roadshows ou através de outras parcerias. Queremos interagir, fortalecer relacionamentos e, claro, promover a nossa companhia. Notamos que há um desconhecimento do mercado em relação ao produto da TAAG e é nossa culpa, pois estivemos ausentes durante bastante tempo. Nos bons tempos, os voos para Angola esgotavam, mas depois com a crise em Portugal, seguida pela crise em Angola, percebemos que tínhamos que fazer mais. Por isso, queremos estar o mais próximos possível do trade, que é onde estão os nossos parceiros. Queremos que conheçam as nossas caras, com a garantia que estamos por trás da TAAG, e que saibam que podem confiar. Estes são, no momento, os nossos grandes objectivos.
Para 2018, quais são as expectativas da TAAG, em particular para Portugal, mas também a nível de rede?
O objectivo é consolidar. 2018 será um bom ano se conseguirmos consolidar tudo aquilo que trabalhámos em 2017, em termos de negócio, em termos de visibilidade e de oferta. Em Portugal, não temos novos aeroportos em perspectiva, no máximo e como desejo, aumentaremos a oferta no Porto, mas isso vai depender da resposta que o trade nos der.