Crescimento do tráfego aéreo – o desafio
Leia a opinião por Paulo Geisler, presidente da RENA – Associação das Companhias Aéreas em Portugal
Publituris
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Hoje em dia, o sector da aviação comercial é um dos motores da economia. Encurta a distância entre as pessoas, culturas e economias, facilita oportunidades de negócio, cria emprego e contribui de forma exponencial para as receitas do Estado. Segundo a IATA, o tráfego aéreo tem vindo a crescer exponencialmente. Em 2017, a procura aumentou 7,6%. Um estudo do ACI Europe refere que, nos últimos 20 anos, houve uma duplicação das ligações entre cidades europeias e da Europa para o resto do mundo.
Este crescimento do tráfego aéreo traz associado um conjunto de problemas para o transporte de passageiros e de carga, sobretudo se não for acompanhado pela infraestrutura – ao contrário de outros setores, na aviação existe uma dependência direta e necessária dessa infraestrutura. Não há alternativa à utilização de aeroportos! Para países como Portugal, que se posicionam como recetores de investimento turístico, é essencial que este vetor não falhe, sob pena de o esforço realizado pelos operadores turísticos ser em vão.
A RENA congrega várias companhias de aviação, cada qual com a sua estratégia e modelo de negócio e com duas preocupações fundamentais: que a infraestrutura esteja em condições de responder à procura e que o preço para utilizar a infraestrutura (taxas) seja fixado de forma transparente, adequada e objetiva. A indústria da aviação é uma atividade global, que exige uma ponderação que ultrapassa em muito as fronteiras do país – uma espécie de “puzzle” em que tudo tem de encaixar, desde slots à capacidade da aeronave.
No caso do aeroporto de Lisboa, e perante os constrangimentos que já apresenta, é necessária uma solução rápida e acompanhada de medidas transitórias imediatas que permitam continuar o crescimento da atividade com qualidade. É urgente o aumento de movimentos em faixas horárias mais restritas e a sua otimização, bem como a reorganização da infraestrutura, de forma a criar mais parqueamentos para aeronaves. A evidente falta de recursos em alturas de pico e o congestionamento constante de passageiros afetam diretamente as operações das companhias aéreas e os passageiros, prejudicando a boa imagem do país.
Nesta fase, fazer do Porto a porta da entrada e saída de passageiros para voos internacionais no país e potenciar em paralelo as duas principais infraestruturas pode e deve fazer sentido. Naturalmente, terá de existir uma gestão operacional minuciosa e coordenada entre todas as partes, evitando os congestionamentos que pontualmente também já se fazem sentir no Porto.
O importante é que se discutam estes temas de forma aberta e com todos os envolvidos – companhias aéreas, operadores turísticos, aeroporto e Governo – para que a espiral de crescimento se mantenha e o País não perca a oportunidade de se consolidar como destino prioritário.
É altura de pensar, em conjunto e com estratégia, o futuro aeroportuário de Portugal, para que todos (e não apenas alguns) sejam bem-sucedidos mas, mais importante, que o País e a infraestrutura se renovem e estejam aptos a responder aos desafios, investindo nesta área estratégica e que tanto poderá trazer ao País nos próximos anos.
*Por Paulo Geisler, presidente da RENA – Associação das Companhias Aéreas em Portugal
Artigo publicado no Publituris na edição de 14 de Setembro.