Cimeira Mundial de Associações das Agências de Viagens pôs foco nas relações com companhias aéreas
A 7º Cimeira Mundial das Associações de Agências de Viagens, que reuniu, em Granada, quase 200 profissionais do setor dos cinco continentes, colocou foco nas relações com a IATA e as companhias aéreas, mas centrou também os debates na sustentabilidade, novas tendências e nos hábitos de consumo, bem como a inovação e tecnologia no setor das viagens (IA, segurança e legislação).
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A 7ª Cimeira Mundial das Associações de Agências de Viagens, organizada pela Confederação Espanhola de Agências de Viagens (CEAV), terminou esta sexta-feira em Granada e contou com a participação de quase 200 profissionais do setor. A APAVT esteve presente por uma delegação liderada pelo seu presidente, Pedro Costa Ferreira.
No último dia do encontro, que começou quarta-feira, dia 8, foi discutida a relação entre agências de viagens e companhias aéreas. Otto de Vries, CEO da ASATA (África do Sul), destacou a tensão entre os dois setores nos últimos dois anos e a necessidade de chegar a um acordo e olhar para o futuro considerando as oportunidades e não os obstáculos. Andrew Bowman, presidente da WTAAA – Aliança Mundial de Associações de Agentes de Viagens, concordou com a necessidade de trabalho conjunto “para ver o que os nossos parceiros comuns precisam”.
Por sua vez, Guillermo Correa Sanfuentes, presidente da FOLATUR – Fórum Latinoamericano de Turismo lembrou que a contribuição das agências para as companhias aéreas é “gigantesca” e muitas vezes “não é valorizada”.
No entanto, Maria Jesús López Solás, Chief Commercial, Network & Alliances Officer da Iberia acentuou que metade do que a companhia aérea vende neste momento é “graças às agências de viagens”, que descreveu como “parceiros estratégicos”, tendo concordado com a necessidade de desenvolver um bom relacionamento para o futuro.
O painel, no qual também participaram Juan Antonio Rodríguez, Diretor de Operações do FDS da IATA e Guillaume Teissonniére, Conselheiro Geral e Secretário de Empresa da ODIGEO, discutiu os sistemas de distribuição NDC. Teissonniére reconheceu a relutância das agências de viagens em mudar para este sistema porque “não temos incentivos”, enquanto Rodríguez defendeu “pegar o touro pelos chifres e fazer parte da transformação dos pagamentos para que seja “benéfico para todos”.
Depois das intervenções na sessão inaugural, nomeadamente, de Carlos Garrido, presidente do CEAV, o primeiro dia dos trabalhos contou com um debate, no qual Juan Antonio Gómez García, Head of Marketing Intelligence da Forward Keys, analisou o comportamento dos mercados globais, destacando a resiliência da indústria do turismo e a recuperação, que “continua apesar das incertezas”.
Noutra sessão, Frank Oostdam, presidente da ECTAA, Tulio Bernal, presidente da ANAV, Ajay Prakash, presidente da TAFI e Nicanor Sabula, CEO da AESATA, examinaram o futuro do turismo sustentável. Oostdam apresentou uma visão crítica, salientando que o setor das agências não está a responder adequadamente aos desafios da sustentabilidade e apelou à aceleração de ações. Neste sentido, Sabula referiu-se à influência que o agente de viagens pode exercer sobre os viajantes para que compreendam a pegada deixada pelas suas viagens e como podem mitigar o impacto ambiental que geram. Por sua vez, Bernal indicou que as agências de viagens podem escolher fornecedores que dêem importância à sustentabilidade: “companhias aéreas que se preocupam com a sua pegada de carbono, hotéis que têm uma excelente gestão da sua pegada hídrica…”. Por fim, Prakash apontou a possibilidade de procurar destinos sem aglomeração, tendência que parece ter-se acelerado após a pandemia. Todos concluíram que devemos “passar da conversa, que é interessante, para as ações, que são o que é realmente importante”.
As novas tendências de consumo em viagens foram também examinadas. Christian Boutin, vice-presidente sénior da Amadeus EMEA, apresentou um relatório da Amadeus que estabelece quatro categorias de viajantes: experimentalistas, criadores de memória, influenciadores e pioneiros. De todos eles, 44% querem chegar ao destino o mais rápido possível, 35% preocupam-se com a sustentabilidade e 34% dão muita importância à tecnologia. “Os viajantes de hoje esperam que as viagens sejam facilitadas com a tecnologia. “Muitos viajantes confiam mais na tecnologia depois da pandemia”, observou.
Por sua vez, Jean-Philippe Monod de Froideville, vice-presidente sénior de Assuntos Governamentais e Corporativos do Grupo Expedia, destacou que, segundo estudos da empresa, os viajantes passam em média cinco horas a pesquisar na Internet para escolher uma viagem, que também costumam reservar dois meses antecipadamente. Da mesma forma, 24% dos viajantes fazem as suas viagens para assistir a evento, outros 25% repetem o seu destino todos os anos e 37% são influenciados pela família, enquanto 17% são mais inspirados pelos amigos.
O comportamento dos mercados globais, destacando-se a resiliência da indústria do turismo e a recuperação, que “continua apesar das incertezas” foi também debatido, bem como a situação atual do turismo em diferentes áreas do mundo, sem esquecer o papel consultivo do agente de viagens, especialmente num contexto geopolítico como o atual, em que os viajantes por vezes têm receios “irrealistas” de viajar para determinadas áreas porque não conhecem a real situação. Um exemplo claro disto é África, indicaram os especialistas.
Trata-se da reunião mais importante que se realiza no setor das agências de viagens e operadores turísticos, que se realiza de dois em dois anos para discutir questões globais do setor.