O ressuscitar de Mocovo
A 12 de Junho deste ano, as capitais portuguesa e russa voltam a estar ligadas por um voo directo. A aposta parte da TAP, que optou por servir Moscovo com cinco voos semanais, às segundas, quartas, quintas e sábados. Esta é uma rota que tem sido pautada por intermitências, no que se refere às ligações… Continue reading O ressuscitar de Mocovo
Joana Barros
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A 12 de Junho deste ano, as capitais portuguesa e russa voltam a estar ligadas por um voo directo. A aposta parte da TAP, que optou por servir Moscovo com cinco voos semanais, às segundas, quartas, quintas e sábados. Esta é uma rota que tem sido pautada por intermitências, no que se refere às ligações directas. Mas vamos começar pelo início.
A 17 de Dezembro de 2002 a Aeroflot fez o seu último voo entre Lisboa e Moscovo. Até então operava três voos semanais. Esta saída aconteceu um ano e meio antes do Europeu de futebol, realizado em Portugal em 2004. Encontrar uma explicação para esta saída é que é mais complicado e após sucessivos contactos, o Publituris não obteve qualquer resposta da parte da companhia aérea russa.
Entretanto, fonte ligada ao sector aponta a reestruturação como uma possível causa para a decisão. “A Aeroflot teve mudanças na direcção e começaram a fazer uma reestruturação de todos os delegados”, recorda a mesma fonte, que falou sob anonimato. “Em Portugal fecharam a delegação e passou tudo para Espanha”, diz, lembrando que “era uma rota que tinha rentabilidade e muita procura”.
Reinado da Krasair
Três anos depois, Lisboa voltaria a ter ligações directas a Moscovo. Desta vez, nos aviões da Krasair, que a 4 de Novembro de 2005 decidiu operar a rota, com um voo semanal. Também neste caso se houve dizer que “a rota era viável” e que a ligação “era sempre rentável mesmo no Inverno”. E quem o diz é Vitalie Volontir, que foi chefe de escala da Krasair no aeroporto de Lisboa.
Para ilustrar as declarações, é de referir que em 2006 esta companhia russa transportou cerca de 13 mil passageiros nos dois sentidos. Entre Janeiro e Outubro de 2008 esse número passou para 16 mil. Vitalie Volontir lembra que a Krasair tinha quase metade da quota, ficando o resto a cargo de companhias como a Lufthansa e a Swiss, que operavam voos diários, mas com passagem obrigatória pelos respectivos hubs.
Já a Krasair tinha um voo no Inverno e dois no Verão. “O nosso voo, como era semanal, era mais direccionado para o mercado étnico e turístico, porque quem viajava em negócios vai e volta no dia seguinte, não procura um voo semanal”, avança o ex-chefe de escala, que justifica também a rentabilidade da rota com a abertura que a Rússia tem estado a ter para a Europa.
Rota ao abandono
Mas apesar da rentabilidade e do potencial do mercado, a 24 de Outubro de 2008 a Krasair fez o último voo director entre Lisboa e Moscovo. Falta de investimento? Vitalie Volontir afasta essa hipótese e explica que a transportadora russa entrou num processo de falência. 51 por cento da companhia era detida pelo estado russo, enquanto que os restantes 49 por cento era capital privado.
A falência oficial foi decretada a 24 de Dezembro de 2008, mas o processo teve início em Agosto do mesmo ano, altura em que houve uma junção de factores que levaram à queda da companhia aérea, segundo apurou o Publituris.
Por um lado os investidores privados deixaram a transportadora ao abandono, por outro o estado russo estava a braços com a guerra da Ossétia do Sul.
E pelo meio há também quem aponte a má gestão desde Agosto de 2008 como via-rápida para o processo de falência. A política de preços é um dos casos avançado por fontes ligadas ao sector, dado que a Krasair nunca baixava as suas tarifas, mesmo que o avião estivesse com um load factor reduzido. Publicidade e promoções eram palavras que também não se ouviam nos corredores da transportadora.
Retoma pela TAP
Lisboa voltou assim a perder as ligações directas à capital russa, apesar dos esforços do executivo de José Sócrates. Em Março do ano passado, o Turismo de Portugal, ip. foi a Moscovo promover a campanha “Portugal: Europe’s West Coast” e desde então a entidade tem estado especialmente empenhada em promover o nosso País lá fora. A Rússia está agora na lista das prioridades a nível de mercados emissores.
Segundo o Turismo de Portugal, em 2007, Portugal recebeu mais de 50 mil turistas russos, tendo gerado 200 mil dormidas. Os números da ANA – Aeroportos de Portugal também mostram a importância deste mercado (ver tabela). De 2001 para 2002 o crescimento do número de passageiros transportados entre os dois países foi de 37,84 por cento, seguindo-se uma descida de 21,64 por cento entre 2002 e 2003.
A tendência de queda acentuou-se ainda mais entre 2003 e 2004 com uma descida de 30,09 por cento, seguindo-se uma contracção de 8,72 por cento no período seguinte. Já entre 2005 e 2006 houve um crescimento de 20,82 por cento, seguindo de outra subida mas de 2,95 por cento. De 2007 para 2008 registou-se uma descida de 7,14 por cento.
Já a TAP não revela os números em que se baseou para abrir a ligação, mas mostra-se confiante. “Acreditamos que tem potencial e que é uma boa oportunidade”, refere fonte da transportadora que lembra que “o facto de existir uma linha e de ninguém a ocupar é uma oportunidade” e também “uma das razões que justificam a rota”. A ligação deverá alimentar-se das vertentes de turismo e de negócios e pode também beneficiar a rede da TAP, dado que os passageiros desta rota podem aproveitar as ligações domésticas em Portugal e noutros mercados como o Brasil. “Tudo indica que seja uma aposta a fazer”, remata.