Avião Fotos de banco de imagens por Vecteezy
Problemas de segurança da Boeing afetam planos de crescimento da aviação
Segundo a Morningstar DBRS, “o ressurgimento das preocupações de segurança” deverá afetar “materialmente a Boeing, incluindo a sua capacidade de fazer entregas atempadas, o que já está a afetar os planos de crescimento do setor aéreo” e poderá ter também impacto na descarbonização da aviação.
Inês de Matos
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Os recentes problemas de segurança que têm afetado os aviões da Boeing estão a provocar atrasos na entrega de aviões e a afetar os planos de crescimento da aviação, diz a Morningstar DBRS, que estima que os atrasos na entrega de aparelhos se mantenha por mais alguns anos.
Numa nota informativa enviada à imprensa, a agência de notação de crédito começa por lembrar os recentes incidentes que vieram novamente colocar em causa a segurança dos aviões da Boeing, a exemplo do aparelho da Alaska Airlines que chegou ao destino sem uma porta ou do Boeing 787 da LATAM Airlines que sofreu uma queda subida, provocando vários feridos a bordo.
A Morningstar DBRS lembra que estes problemas se seguiram aos que, em 2018 e 2019, já tinham afetado o modelo Boeing 737 MAX, que levaram mesmo à paragem destes aviões por mais de um ano.
Para a agência de notação financeira, “o ressurgimento das preocupações de segurança” deverá afetar “materialmente a Boeing, incluindo a sua capacidade de fazer entregas atempadas, o que já está a afetar os planos de crescimento do setor aéreo”.
Os novos incidentes levaram novamente as autoridades de aviação dos EUA a suspenderem temporariamente o Boeing 737 MAX 9, que entretanto voltaram a ser autorizados a voar, ainda que a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA tenha limitado a taxa de produção destes aparelhos “até que os problemas de qualidade sejam resolvidos”.
Os problemas de segurança com aviões da Boeing ditaram ainda uma remodelação executiva no fabricante aeronáutico norte-americano e levaram o seu CEO, David Calhoun, a anunciar a retirada no final de 2024.
Em resultado disso, acrescenta a Morningstar DBRS, houve uma “mudança substancial do foco da Boeing para questões de segurança”, o que está a afetar “as entregas de aeronaves, que já são muito mais lentas do que no passado”.
Além disso, refere ainda a agência de notação financeira, a certificação dos restantes modelos do avião Boeing 737 MAX pode também tornar-se um desafio, uma vez que tanto os passageiros como as companhias aéreas “têm
expressado preocupação e frustração com os problemas contínuos da Boeing”, o que pode afetar “pedidos futuros”.
“Combinando os problemas recentes da Boeing com os problemas existentes na cadeia de abastecimento dos fabricantes de aeronaves pós-coronavírus, os atrasos na entrega de aeronaves estão a piorar ainda mais e podem persistir por alguns anos”, alerta a Morningstar DBRS.
Caso estes problemas se mantenham, a agência estima que o setor venha a ser afetado de diversas formas, com destaque para os problemas de capacidade, interrupções operacionais, aumento das tarifas devido ao desequilíbrio entre a oferta e a procura e não cumprimento das metas de descarbonização.
Impacto no crescimento e na descarbonização das companhias aéreas
A Morningstar DBRS lembra que a aviação tem vindo a recuperar e está praticamente ao nível do período pré-pandemia, com a IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo a prever mesmo um “forte crescimento nos próximos anos”, que deverá trazer um aumento de capacidade de 9% já este ano.
Este crescimento da aviação está também a levar muitas companhias aéreas a encomendarem novos aviões, sendo que, só no caso da Boeing, existem 6.177 pedidos de aeronaves em carteira, aos quais se somam outros 8.552 da Airbus.
No entanto, destaca a agência de notação de crédito, “com taxas de produção de 2023, as empresas levarão mais de 11 anos para atender esses pedidos”, o que se deve ao facto do número de pedidos ser superior às entregas e às taxas de produção mais lentas do que o esperado.
“Com as entregas da Boeing a serem ainda mais prejudicadas por recentes questões de segurança, os planos de crescimento das companhias aéreas para o
próximos anos estão a ser materialmente afetados”, destaca a Morningstar DBRS.
Os atrasos nas entregas levam ainda a outro tipo de problemas nas companhias aéreas, a exemplo do excesso de pessoal, com a agência a recordar o caso da United Airlines, que recentemente decidiu oferecer aos seus pilotos “um programa voluntário de licença não remunerada”, como forma de reduzir o excesso de pessoal provocado pelos atrasos nas entregas de aviões.
Mas a Morningstar DBRS alerta ainda para outros impactos, a exemplo do adiamento da modernização de frotas, o que poderá “afetar as metas de descarbonização” estabelecidas para a aviação.
Apesar de concordar que o SAF – Combustível Sustentável para a Aviação é, atualmente, a forma mais eficaz de descarbonizar a aviação, a agência lembra que a estratégias para reduzir as emissões também “dependem significativamente da modernização da frota para melhorar a eficiência do combustível e do carbono”.
“Com atraso nas entregas, esses planos podem não se concretizar conforme as expectativas e, portanto, algumas companhias aéreas podem perder
suas metas de descarbonização a curto prazo”, alerta a Morningstar DBRS, realçando mesmo que, no caso das companhias aéreas que “emitiram títulos vinculados à sustentabilidade e se comprometeram com certos níveis de redução de emissões”, podem mesmo “ocorrer despesas mais elevadas com juros se essas
as metas não forem cumpridas”.